Ao longo da história, a comida sempre teve um papel simbólico e espiritual. E nas escrituras sagradas — como a Bíblia, a Torá e o Alcorão — certos alimentos são mencionados não apenas como sustento físico, mas também como parte da relação entre o ser humano e o divino.

Muitos desses alimentos são considerados sagrados até hoje, seja por seu significado espiritual, seu uso em rituais ou simplesmente por serem citados em momentos marcantes de fé. Neste post, você vai conhecer quais são esses alimentos, o que eles representam e onde são mencionados nas escrituras.

Prepare-se para redescobrir o pão, o vinho, o mel e até as romãs com um olhar mais profundo.

1# Pão — símbolo da provisão divina

O pão é, sem dúvida, um dos alimentos mais sagrados das escrituras. Ele aparece diversas vezes na Bíblia como símbolo da provisão de Deus ao seu povo. No Antigo Testamento, o “maná” enviado do céu era uma forma divina de alimentar os israelitas no deserto.

No Novo Testamento, o pão ganha ainda mais destaque com a figura de Jesus:

“Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome.” — João 6:35

Na Santa Ceia, Jesus parte o pão e o oferece aos discípulos como representação do seu corpo, criando um dos rituais mais profundos da fé cristã.

Mais do que um alimento, o pão representa sustento, comunhão e fé.

2# Vinho — símbolo de aliança e celebração

O vinho também é fortemente presente nas escrituras. No Antigo Testamento, é associado à alegria e abundância. No Novo Testamento, Jesus transforma água em vinho no primeiro milagre, durante as bodas de Caná, simbolizando novos começos e celebração.

Na Ceia, o vinho representa o sangue de Cristo, selo de uma nova aliança entre Deus e a humanidade.

“Este cálice é a nova aliança no meu sangue.” — Lucas 22:20

Para os judeus, o vinho também tem forte presença em rituais como o Shabat, e representa alegria e santificação.

3# Mel — doçura da Palavra e da promessa

O mel é citado diversas vezes na Bíblia como um presente da natureza e uma metáfora para aquilo que é agradável, puro e precioso.

A famosa descrição da Terra Prometida como “terra que mana leite e mel” (Êxodo 3:17) representa abundância, fertilidade e bênçãos divinas.

“Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca!” — Salmos 119:103

Na tradição islâmica, o mel também é mencionado como alimento curativo, tanto no corpo quanto na alma, como aparece na surata 16 (An-Nahl).

4# Azeite de oliva — símbolo de unção, cura e luz

O azeite de oliva vai muito além da culinária: ele era usado para ungir reis e profetas, curar feridas e alimentar lâmpadas nos templos.

É símbolo de unção, consagração, cura e iluminação. Nos Salmos, Davi escreve:

“Unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.” — Salmo 23:5

Na cultura hebraica, o azeite puro era essencial para o funcionamento do templo. E ainda hoje, em muitas religiões, o óleo é usado em bênçãos, batismos e orações de cura.

5# Romã — beleza, fertilidade e justiça

A romã aparece em diversas passagens bíblicas, tanto em menções simbólicas quanto literais. Era usada na ornamentação das vestes dos sacerdotes (Êxodo 28:33) e em detalhes do templo construído por Salomão.

Por conter muitas sementes, passou a simbolizar fertilidade, multiplicação e prosperidade. Alguns estudiosos dizem que as 613 sementes da romã representam os 613 mandamentos da Torá.

É também considerada símbolo de justiça e bênçãos espirituais.

6# Figo — fruto da reflexão e da responsabilidade

O figo tem presença marcante em passagens simbólicas. No livro de Gênesis, após comerem do fruto proibido, Adão e Eva usam folhas de figueira para cobrir sua nudez, mostrando a tomada de consciência.

Mais adiante, Jesus amaldiçoa uma figueira sem frutos, como sinal de alerta espiritual:

“Nunca mais nasça fruto de ti.” — Mateus 21:19

Na tradição judaica, o figo representa também a importância de dar frutos espirituais e viver com propósito.

7# Trigo e cevada — trabalho, colheita e fé

O trigo e a cevada eram a base da alimentação nos tempos bíblicos e estão diretamente ligados à ideia de semeadura, colheita e provisão.

Jesus usa o grão de trigo como metáfora de morte e ressurreição:

“Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” — João 12:24

A cevada era o grão mais comum entre os pobres e simboliza também a humildade e o sustento simples, mas sagrado.

8# Peixes — provisão e missão espiritual

Os peixes aparecem com frequência nos Evangelhos. Jesus multiplica os pães e os peixes para alimentar multidões e chama pescadores comuns para serem “pescadores de homens.”

“Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens.” — Mateus 4:19

Na cultura cristã, o peixe virou símbolo da fé, da missão evangelizadora e da partilha.

Por que esses alimentos são considerados sagrados?

Porque carregam significados que vão além do prato. Eles representam:

  • A relação entre o céu e a terra
  • A provisão de Deus nos momentos difíceis
  • A gratidão e a comunhão com os outros
  • O sagrado que existe no simples
  • A fé vivida de forma concreta

Mesmo hoje, muitos desses alimentos continuam presentes em ritos, orações, festas e momentos importantes da fé.

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22 de abril de 2025